No mais fundo de ti,
eu sei que traí, mãe.
Tudo porque já não sou
o retrato adormecido
no fundo dos teus olhos.
Por isso, às vezes, as palavras que te digo
são duras, mãe,
e o nosso amor é infeliz.
Se soubesses como ainda amo as rosas,
talvez não enchesses as horas de pesadelos.
Mas tu esqueceste muita coisa;
esqueceste que as minhas pernas cresceram,
que todo o meu corpo cresceu,
e até o meu coração
ficou enorme, mãe!
Olha - queres ouvir-me? -
às vezes ainda sou o menino
que adormeceu nos teus olhos;
ainda aperto contra o coração
rosas tão brancas
como as que tens na moldura;
ainda oiço a tua voz:
Era uma vez uma princesa
no meio de um laranjal...
Mas - tu sabes - a noite é enorme,
e todo o meu corpo cresceu.
E saí da moldura,
dei às aves os meus olhos a beber.
Não me esqueci de nada, mãe.
Guardo a tua voz dentro de mim.
E deixo-te as rosas.
Boa noite. Eu vou com as aves.
Eugénio de Andrade
Parabéns Mãe ! :)
domingo, maio 28, 2006
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4 comentários:
primeiro koment!!!!!!!
tou kontent!!!!
eskreve mto!!!!
eskreve bem!!!
dps edita um livro e ganha dinheiro!!!!!
e já sabes, nada d eskrever sobre praxe!!!!!!
jokas!
Esse poema do Eugénio de Andrade é lindo!
Deixo uma breve passagem de algo que achei importante partilhar:
"A memória como uma maldição. Caímos na eternidade e a memória é um peso, continua a prender-nos em qualquer ponto para onde nunca podemos voltar. Ó Lua, ó luar, eu fi-lo nascer, ajuda-mo tu a criar. A memória é como a esperança da minha mãe na noite em que me ergueu à lua e, sem saber, me escolheu como destino. Lembro-me da minha mão pousada sobre a tua e esse instante está debaixo da palavra solidão. Lembro-me de tantas coisas impossíveis. Agora, caminho por esta manhão deserta."
José Luís Peixoto; excerto de "Lunar", in Antídoto - pag 61
olha o poema k dedikms a mamy mary!!:) bj enorme p as minhas mamas por exe mundo espalhado.. e p a minha mana:P
oh manita mais branca então tens as mamas espalhadas por esse mundo??!! dp e por isso k n arranjas gajo! tsc tsc
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